quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Praça que os trabalhadores veem

Comerciantes e artistas reclamam do baixo movimento do Centro Histórico

(post por João Pedro Wapler)

“Quem hoje vai sair de casa para sentar na praça?” – afirma J. Dimas, 66 anos, Artista Plástico que trabalha há 17 anos na Praça da Alfândega, onde estabeleceu um ponto de venda de suas aquarelas. Situado em frente ao Shopping Rua da Praia, ele afirma que de 1994 para cá, as vendas decaíram muito. Segundo ele, os fatores responsáveis por essa decadência, além da crise econômica recente, são o desrespeito pela arte e a falta de cultura. Esses fatores somados dificultam a valorização os quadros. Mesmo na feira do livro, época do ano que as vendas deveriam aumentar, ele só vendeu um quadro no último dia do evento.

O Pintor conversa com a Equipe do Blog em frente a seus trabalhos

O Centro sofre com o êxodo dos Bancos, fuga das grandes empresas que rumaram à outros aglomerados financeiros, como o bairro Moinhos de Vento, a erradicação dos antigos Cinemas de Calçada, crescimento da violência e a visão do bairro ser visto como local de passagem. Só durante a feira do livro, o status cultural e a associação ao entretenimento é feita. Os trabalhadores mais tradicionais que conheceram os tempos áureos, afirmam que o movimento decaí cada vez mais. É o caso de Júlio da Silva.

O Presidente da Associação dos Engraxates de Porto Alegre, 61 anos, trabalha há 15 anos numa das 18 bancas da Praça da Alfândega. Os pontos de serviço são herdados em sistema de passe, passando de familiar a familiar. O corredor de Engraxates situado próximo ao Santander Cultural, é o ponto mais antigo dessa profissão na cidade. Silva atende em média 10 clientes por dia. Afirma que o Centro deixou de acumular a safra empresarial completa. O aumento do uso de tênis também é um fator que implica em diminuição de movimento. Até a década de 90, havia trabalho em bom nível. O dinheiro vem da fidelidade dos clientes, alguns engraxam os sapatos lá há mais de 40 anos.

Ponto dos Engraxates é o mais antigo da Cidade

Donário Lopes, 41 anos, há 30 anos trabalha na Praça. Fez de tudo. Já vendeu revistas e trabalhou em Lancherias. Hoje vende sorvete no Café Praça da Alfândega. Sob nova direção, o Café está aberto a dois meses. Enfrentando também o desmantelamento da tradição do centro, os famosos cafés de calçada não embelezam e assistem os encontros sociais. Eveline Oliveira é atendente há um mês. Segundo ela o movimento é muito fraco, com exceção na Feira do Livro: "Na Feira lota. O problema é que os camelôs saíram da praça, desde então tudo ficou mais parado."

Todos os artistas e comerciantes que fazem da Praça da Alfândega seu local de trabalho dizem que a desatenção e decadência do centro é a razão da fuga dos seus clientes. A prefeitura tem belos projetos, só que não se realizam na prática. As famosas caminhadas no Centro Histórico foram substituídas pelas escadas rolantes dos Shoppings.


João Pedro Wapler, foi nosso repórter por um dia. É Formado em Publicidade e Propaganda pela PUCRS, escritor e compositor.

O Bairro Centro virou Centro Histórico. Clique no link abaixo e escute nosso Podcast especial sobre o tema:


Links:

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/vivaocentro


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Bienal traz arte a Porto Alegre (Mas somente a Porto Alegre?)



A Bienal do Mercosul é uma mostra de arte contemporânea que reúne diversos artistas de todo o mundo. O evento acontece em Porto Alegre desde 1997 e representa o Brasil como um seleiro e abrigo de artistas para o resto do mundo.O evento é gratuito e acontece até o fim de novembro (29).

Uma de nossas blogueiras, a Nathalia Rech acompanhou uma das performances e conversou com um dos curadores, a artista Victoria Noorthoorn.

O espetáculo foi uma homenagem ao pluriartista americano John Cage. Mais de 50 artistas das mais diversas áreas performáticas, atuaram simultaneamente durante quatro horas.Todos foram selecionados ao acaso, em referência ao musicalismo aleatório desenvolvido por Cage.A principal atração foi a apresentação do coletivo carioca Chelpa Ferro, que também está expondo na Bienal.

Segundo um dos curadores dessa edição, a argentina formada em Artes pela Universidade de Buenos Aires, Victoria Noorthoorn, estão todos curiosos e felizes com o evento desse ano. Ela incita que a diversidade é o fator que a direção da bienal mais se enfocou esse ano.Segundo a curadora, a bienal não existe para captar tendências contemporâneas, mas sim mostras a pluraridade facial da arte em meio ao caos e violência de hoje em dia.

Haroldo Paraguassú, um dos perfomistas que integra a peça “Fando e Lis”, disse que a atuação na Bienal é uma experiência única, com uma energia que erradia de todos os cantos. ”Pode ser comparado a criação de uma consciência coletiva artística”, relatou. Junto a ele, variados artistas seduziram um numeroso público, que assistiu sem palco ou divisórias, apresentações envolvendo música flamenca, indiana, teatro, leitura de poemas e experimentalismos de todo tipo. Luísa Hervé, visitante da Bienal destaca que o mais magnífico do evento era a interação dos artistas com o público. ”Todos pareciam ser artistas, participar das obras”, informou.

John Cage – O Silêncio e o Silênciador
Noorrthoorn, classificou a influência de John Cage como mundial e essencial, até mesmo para os curadores.Cage foi um experimentalista incansável, buscava novas estruturas musicais a ponto de desprezar elas.É compositor da famosa 4’33, peça que o deixou célebre e exaltou sua tendência a música ao acaso, música aleatória.Além disso, Cage foi cineastra e também um escritor com irradiação. Fez parte do movimento Fluxus, que abrigava artistas plásticos e músicos, tendo entre seus membros, Marcel Duchamp. Segue abaixo um vídeo de um dos trabalhos de Cage:




Em tempo...

"A 7ª Bienal do Mercosul é uma plataforma aberta de comunicação sobre o estado das artes mais experimentais e críticas do continente, em diálogo com o mundo"



O trecho acima foi retirado diretamente do site da 7ª Bienal do Mercosul.
O Alfandegários visitou uma das instalações do evento no Santander Cultural, mas infelizmente fomos surpreendidos com um detalhe: não é permitido ao visitante (com exceção da veículos cadastrados) fotografar/filmar as obras.
A Bienal é um projeto que segundo o próprio site, preza pelo diálogo e a concomitância em relação ao mundo e as plataformas de comunicação. Quando um evento desse porte proibe um visitante e apreciador de arte de fotografar o objeto que por natureza deveria ser divulgado comete um equívoco.
A arte tem por principio a divulgação das obras, a coletividade e o diálogo entre artistas e público. Quando uma porta da comunicação artista-público é fechada se interrompe uma linha de conversa, e o vínculo do artista em relação ao consumidor de arte se torna mais sensível. O artista perde em público, em divulgação. Já o consumidor de arte é obrigado a conviver com a efemeridade das exposições, destoando da realidade em que vive, onde (quase) tudo pode ser arquivado e compartilhado.
É extremamente importante que o Museu/Galeria proteja a obra do artista e zele pela segurança das instalações. É sabido que o flash das câmeras é prejudicial as telas e compromete as cores alterando os pigmentos, principalmente das mais antigas. Entretanto, alguns dos mais importantes Museus do mundo como o MoMa (The Museum of Modern Art), o Louvre, d´Orsay, permitem o uso de câmeras com o flash desligado.


Thomas Struth é um dos fotógrafos que explorou a relação dos visitantes com os Museus e apresentou em uma série de trabalhos realizado em diversas exposições.


Abaixo um vídeo referente última exposição de Struth:







Confira abaixo o PODCAST do blog Alfandegários com a programação da Bienal para este fim de semana!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Feira que dá cultura



Além da literatura, outras manifestaçõs artísticas ganham espaço com a feira

Os livros não são os únicos a exigir espaço na praça da Alfândega. Até o dia 15 de novembro a 55º edição da Feira do Livro de Porto Alegre, a maior feira ao céu aberto da América Latina, abriga, aliada ao convite a leitura, música cinema e teatro. Simultaneamente, o Santander Cultural expõe uma mostra cinematográfica organizada pela câmera do livro, que tem como mote homenagear estado escolhido para essa edição, Santa Catarina. Localizado em frente a praça de autógrafos, també está montado o espaço de concertos Zaffari. As apresentações das orquestras, majoritariamente universitárias, ocorre diariamente com um repertório que vai do clássico até o popular.

Entre visitação das escolas, autógrafos, grandes intelectuais da modernidade (como o sociólogo frances Michel Maffesoli) está a arte. É fácil encontrar violões a cantarolar junto com os personagens elaborados pela organizadora do evento, a Câmera do Livro. Nesse ano, desfilam desde a abertura (12H30min) até o encerramento (21h30min) personagens extraídos do livro Os três Mosqueteiros, do francês Alexandra Dumas, e do também O corcunda de Notre Dame, do gaulês Victor Hugo.

O Concurso Literário Nescafé, que lançou um livro de contos com escritores gaúchos, realiza encontros de saraus todo o dia. Na área infantil localizada no Cais do Porto, existem segmentos reservados para apresentações de peças teatrais infantis, como o Teatro Sancho Pança e a Arena das Histórias. Já no espaço Pasárgada, nome em homenagem a terra para onde queria se ir o poeta Manuel Bandeira, acontecem conversas sobre literatura que mencionam Chico Buarque e o dramaturgo Samuel Beckett. As atividades da Feira acontecem além da praça, também estão no Memorial do Rio Grande do Sul, na Sala dos Jacarandás, no Auditório Barbosa Lessa, no Centro Cultural Érico Veríssimo e no Santander Cultural.

Os idiomas favoritos da feira, são o francês e o português. O ano da França no Brasil estende-se até o último dia da Feira do Livro de Porto Alegre, comemoração que fortaleceu a parceria e estimulou a venda de títulos. O país é o homenageado deste ano e trouxe a Porto Alegre autores como Baudelaire e compositores como Serge Gaisbourg repertório de atividades da feira. Com apenas um cadastro prévio, a população pode participar de oficinas de fotografia poesia e curso de línguas.

Para os comerciantes movimento é menor que esperado

Há 10 anos vendendo pipoca na Feira do Livro, Fátima Lopes sorri quando questionada sobre o movimento na praça. "Esse ano achei meio parado, estou achando meio vazio”, admite. Nos dias do evento ela deixa de vender pipoca na Vila Santa Rosa e inscreve-se na câmera do Livro, a fim de conseguir autorização para comercializar o produto. Quando questionada sobre a fidelidade do consumidor da chamada "pipoquinha" a comerciante brinca: “Já ouvi várias vezes os clientes dizendo que pipoca não se come em casa e sim na Feira”.

Para Fátima a pipoca na rua tem outro sabor

Escute aqui o depoimento de Fátima ou baixe o arquivo aqui



O Fotógrafo Lambe-Lambre, Freitas, retifica: “O movimento está difícil, bem mais do que antes”. Em dias bons ele chega a vender cerca de 15 fotos. Entrentanto até o início na semana não sua venda não passou de três revelações por dia. Há oito anos, Freitas foi convidado pela organização da feira para trabalhar ao lado do monumento aos poetas Carlos Drummond e Mário Quintana. "É como diz o poema: eles passaram, eu passarinho” brinca Freitas ao lado do Lambe-Lambe

A 55ª Feira do Livro de Porto Alegre vai até o próximo dia 15. O horário de funcionamento é das 9h30min na área infantil e juvenil, e a partir das 12h30min na área adulta. As atividades se encerram às 21h podendo ser prorrogadas até 22h.


Sites Relacionados

Feira do Livro de Porto Alegre: www.feiradolivro-poa.com.br
Blog Do Patrono Carlos Urbim: www.feiradolivro-poa.com.br/blog.php
Câmera Rio-Grandense do Livro: www.camaradolivro.com.br
França.Br: http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Uso de telecentros na inclusão digital

No térreo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a direita da entrada principal, há uma fila de computadores, reservados ao acesso a internet. Denominado AL.com, esse é um dos 316 telecentros, centros de acesso gratuito a internet, que existem no estado.Criado em 2002 recebe diariamente em torno de 150 até 200 pessoas que usam de maneira livre os serviços digitais.Para fazer uso do programa basta mostrar algum documento pessoal e respeitar o tempo de acesso, que é no máximo, 1 hora.

AL.com: 25 computadores conectados a internet a serviço do cidadão

O programa teve inicio junto a Interlegis recebendo computadores do recursos do Senado Federal, e depois prosseguiu com apoio do próprio legislativo.Atualmente utiliza só recursos estaduais, possui 5 funcionários e 25 computadores para acesso .Além disso, há 6 computadores reservados para deficientes em geral, sendo 3 deles com softawares especializados para deficientes visuais. Segundo Marlise Bergamaschi , coordenadora do espaço, o público do espaço vária de crianças em busca de entreterimento até idosos em fase de aproximação com a tecnologia.Muitos profissionais usam essa oportunidade também para mandar currículos em busca fe emprego.


Placa que data a modernização da AL.COM : 23 de Janeiro de 2006


Pedro Paulo da Silva, funcionário e um dos responsáveis pelo serviço há 8 meses, demonstra que muitas pessoas usam o espaço para fazer trabalhos escolares e checar endereços de lugares. Também destaca que o serviço é de grande ajuda aos que não possuem acesso a internet em casa.





Daniel Mota, é um exemplo desse relato. O amigo de Silva comparece diariamente ao telecentro para navegar na internet, sendo que não possui acesso a rede na sua residência.Mota também usa o serviço das Lan Houses com freqüência.


Já a usuária do centro, a estudante de ensino médio e funcionária do da Assembleia Gaúcha , Karolina Miranda, relata que embora tenha acesso a rede de computadores na sua casa, busca checar seus e-mails pela AL.com.


A AL.Com no seu horário de pico, situado da 1h30 às 16h30.

Segundo o Observatório Nacional de Inclusão Digital (ONID), o Brasil possui mais de 5.000 telecentros para uma população de 169.799.170 milhões de pessoas. São 32 telecentros por milhão de habitantes. Porém, hoje no país apenas 26 milhões da população ocupam a parcela dos considerados incluídos digitais.A prefeitura de Porto Alegre, através da Secretária de Direitos Humanos e Segurança Urbana, atua desde 2001 (época na qual foi lançado o primeiro telecentro na cidade), um programa de expansão de telecentros.Hoje são ao todo 25 telecentros da prefeitura espalhados por todas regiões de Porto Alegre, atitude que a fez ganhar o título de cidade líder da inclusão digital no território nacional, superando megalópoles como São Paulo.

Escute aqui um trecho da entrevista com o usuário do telecentro Daniel Mota

Saiba a localização exata da AL.com, clicando na imagem abaixo:

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Praça muda para receber a Feira

Faltando menos de um mês para o início da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, os preparativos já iniciaram. O tradicional evento da capital atrai milhares de pessoas à Praça de Alfândega, em busca de livros, palestras, seminários e autógrafos.

Muitos dos leitores nem imaginam que a montagem do cenário começa muito antes, e que durante o pacato mês de setembro as estruturas se amontoam no local. É um trabalho constante que causa estranheza em quem passa, além de um ligeiro desconforto para quem convive diariamente com o período da pré-feira.


Vigas que serão montadas até o final de outubro
Estruturas sendo montadas na Av. Sepúlveda

- Essas medidas são operacionais e organizacionais, o cliente fiel sabe onde achar a barraca que quer. – Explica o vice-presidente da Associação dos Artesões da Praça da Alfândega e Líder comunitário do bairro centro, Antonio Edgar Costa Ferreira.

Os benefícios que o evento traz aos comerciantes locais são incontestáveis. Entretanto, alguns vendedores não estão satisfeitos com os procedimentos adotados pela prefeitura, que os distribui pelos arredores e tira o privilégio do ponto fixo.

- A Feira traz mais segurança e público, mas as vendas pouco aumentam. É muito relativo, nós somos expulsos do nosso local, eu preferia que estivéssemos ali no meio. Para mim não é justo. Durante o ano todo trabalhamos aqui e somos obrigados a abandonar nossos locais durante quinze dias. – desabafa Antônio Carlos da Silva, que há 25 anos atua vendendo cuias em uma das bancas situadas no centro da Praça.

Com o ínicio da Feira, os artesãos são transferidos do centro da praça...

...para a rua General Camâra.

Para quem atua no comércio tradicional e não sofre com os problemas de deslocamento, a Feira é um atrativo que só tende a agregar. “Há um aumento na vendagem de CD’s, acessórios e instrumentos”, conta o vendedor de uma loja de equipamentos musicais e eletrônicos, Vinícius Ferreira.

Escute o depoimento de Antônio Carlos da Silva para o Alfandegários





Escute o depoimento de Vinicíus Ferreira para o Alfandegários




quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Artesanato moderno incorpora Praça da Alfândega

A produção artesanal é uma das habilidades mais antigas do homem, entretanto fazer dela um meio de obtenção de renda torna-se cada vez mais difícil. A otimização dos mecanismos de trabalho não intimidou os artesãos da Praça da Alfândega, localizada no centro de Porto Alegre,que a cada produto reinventam a maneira de produzir e criar.

O movimento contínuo das tendas já dura 60 anos

De segunda a sexta-feira, a partir das 10h da manhã até o fim da tarde, às 18h, cerca de 70 pessoas trabalham na praça vendendo objetos feitos manualmente. O diferencial de cada apetrecho esta na maneira e na delicadeza com que são produzidos, e quem compra sabe que consome uma peça única, ou no mínimo original.

Orgulhoso de sua banca, Ferreira explica o funcionamento das barracas


- O artesão moderno precisa se adequar e conquistar um público cativo. Quem passa por aqui sabe que trabalhamos com seriedade e principalmente que estamos instalados legalmente. – relata o vice-presidente da Associação dos Artesões da Praça da Alfândega e Líder comunitário do bairro centro, Antonio Edgar Costa Ferreira. Além dos cargos que assumiu voluntariamente, Ferreira ainda conta com anos de experiência de ajuda e colaboração com seus colegas. O artesanato contemporâneo estendeu-se a conjunturas além do âmbito artístico, sendo assim um movimento político e principalmente social.

Além do universo tradicional e do espaço físico a que estão resignados, os artesãos da Praça da Alfândega tentam atingir públicos de diversas outras maneiras. É o caso por exemplo, da Feira do Livro, evento tradicional da capital gaúcha, que divide o espaço entre as tendas livreiras e as clássicas barracas de artesanato.
– Em época de feira, o pessoal cede o espaço e acaba se deslocando para rua ao lado ou para a frente do Clube do Comércio. O movimento estimula as nossas vendas, não é uma questão de prioridade da prefeitura, mas de sim ocasiões, para apreciar com mais calma os produtos artesanais. - Completa o artesão.

Apesar de haver consenso sobre a estabilidade que a prefeitura dá aos trabalhadores do local, a artesã Cleonice Leitte, popularmente conhecida como Dona Cleo, teme constantemente o remanejamento das barracas.
– Sabemos que infelizmente nem todo mundo concorda com nosso trabalho, temos vários tipos de isencoes fiscais e privilégios, isso acaba desagradando algumas pessoas – desabafa Dona Cleo.
Mesmo com todas as dificuldades, o estímulo a profissão e principalmente a paixão pelo trabalho manual, faz com que pessoas como Arturo Diaz desenvolvam projetos de capacitação para novos artesãos. Diaz é especializado em lapidação e em parceria com colegas engendrou máquinas que serão doadas a jovens carentes interessados em aprender uma profissão. – Muitas pessoas me ajudaram, só estou aqui hoje porque alguém me ensinou, quero fazer isso pelos outros também. – conta emocionado Diaz.


Em meio ao conglomerado de barracas, conversando com cada colaborador é possivel conhecer com riqueza de detalhes a história de cada um, e também de seus antepassados. Os primeiros trabalhadores se instalaram no local por volta dos anos 60, eram 26 hippies denominados os Homens de Cinza. Por volta dos anos 70, foram duramente cassados pela policia da capital, a perseguicao foi noticiada pela Zero Hora da época, em nota que Ferreira guarda com carinho. Somente há 22 anos atrás o Estado e Município consideraram legal a instalacao de barracas no
local, e hoje divide harmoniosamente o espaco cultural da Praca da Alfândega com os artesãos locais.


Caça aos hippies na Zero Hora. Relíquia guardada por Ferreira




Conheça um pouco da História da Praça da Alfândega








quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Alfandegando

Alfandegários é um projeto da disciplina de Jornalismo Digital 2009/02 da PUCRS. O blog pretende atingir todos os limites da Praca da Alfândega, consagrado itinerário porto alegrense, expondo aqui todas as suas tradiçõess e curiosidades ainda nao descobertas.

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