quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Artesanato moderno incorpora Praça da Alfândega

A produção artesanal é uma das habilidades mais antigas do homem, entretanto fazer dela um meio de obtenção de renda torna-se cada vez mais difícil. A otimização dos mecanismos de trabalho não intimidou os artesãos da Praça da Alfândega, localizada no centro de Porto Alegre,que a cada produto reinventam a maneira de produzir e criar.

O movimento contínuo das tendas já dura 60 anos

De segunda a sexta-feira, a partir das 10h da manhã até o fim da tarde, às 18h, cerca de 70 pessoas trabalham na praça vendendo objetos feitos manualmente. O diferencial de cada apetrecho esta na maneira e na delicadeza com que são produzidos, e quem compra sabe que consome uma peça única, ou no mínimo original.

Orgulhoso de sua banca, Ferreira explica o funcionamento das barracas


- O artesão moderno precisa se adequar e conquistar um público cativo. Quem passa por aqui sabe que trabalhamos com seriedade e principalmente que estamos instalados legalmente. – relata o vice-presidente da Associação dos Artesões da Praça da Alfândega e Líder comunitário do bairro centro, Antonio Edgar Costa Ferreira. Além dos cargos que assumiu voluntariamente, Ferreira ainda conta com anos de experiência de ajuda e colaboração com seus colegas. O artesanato contemporâneo estendeu-se a conjunturas além do âmbito artístico, sendo assim um movimento político e principalmente social.

Além do universo tradicional e do espaço físico a que estão resignados, os artesãos da Praça da Alfândega tentam atingir públicos de diversas outras maneiras. É o caso por exemplo, da Feira do Livro, evento tradicional da capital gaúcha, que divide o espaço entre as tendas livreiras e as clássicas barracas de artesanato.
– Em época de feira, o pessoal cede o espaço e acaba se deslocando para rua ao lado ou para a frente do Clube do Comércio. O movimento estimula as nossas vendas, não é uma questão de prioridade da prefeitura, mas de sim ocasiões, para apreciar com mais calma os produtos artesanais. - Completa o artesão.

Apesar de haver consenso sobre a estabilidade que a prefeitura dá aos trabalhadores do local, a artesã Cleonice Leitte, popularmente conhecida como Dona Cleo, teme constantemente o remanejamento das barracas.
– Sabemos que infelizmente nem todo mundo concorda com nosso trabalho, temos vários tipos de isencoes fiscais e privilégios, isso acaba desagradando algumas pessoas – desabafa Dona Cleo.
Mesmo com todas as dificuldades, o estímulo a profissão e principalmente a paixão pelo trabalho manual, faz com que pessoas como Arturo Diaz desenvolvam projetos de capacitação para novos artesãos. Diaz é especializado em lapidação e em parceria com colegas engendrou máquinas que serão doadas a jovens carentes interessados em aprender uma profissão. – Muitas pessoas me ajudaram, só estou aqui hoje porque alguém me ensinou, quero fazer isso pelos outros também. – conta emocionado Diaz.


Em meio ao conglomerado de barracas, conversando com cada colaborador é possivel conhecer com riqueza de detalhes a história de cada um, e também de seus antepassados. Os primeiros trabalhadores se instalaram no local por volta dos anos 60, eram 26 hippies denominados os Homens de Cinza. Por volta dos anos 70, foram duramente cassados pela policia da capital, a perseguicao foi noticiada pela Zero Hora da época, em nota que Ferreira guarda com carinho. Somente há 22 anos atrás o Estado e Município consideraram legal a instalacao de barracas no
local, e hoje divide harmoniosamente o espaco cultural da Praca da Alfândega com os artesãos locais.


Caça aos hippies na Zero Hora. Relíquia guardada por Ferreira




Conheça um pouco da História da Praça da Alfândega








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